21 julho 2011

2011.07.18 - Concelho do Montijo

É a terceira batalha que perco, nesta guerra de encontrar uma saída de Lisboa em bicicleta, por vias com reduzido ou nulo tráfego automóvel. Já tentei pela margem norte até Vila Franca de Xira, mas é demasiado urbano, sem interesse paisagístico ou arquitectónico e obriga a pedalar alguns quilómetros por estrada nacional. Já tentei ir do Montijo ao Porto Alto pelas Lezírias do Tejo, mas uma grande propriedade privada fechada obriga a pedalar 10 quilómetros na congestionadíssima e sem berma EN118. 
Hoje mais um pequena (grande) desilusão: por apenas 1500m, não conseguimos ligar o Montijo a Coruche. Uma propriedade com criação de gado atravessa-se à nossa frente. A volta era demasiado grande e obrigava a vários quilómetros de EN5.

Mas fica desde já prometida a quarta batalha: estudar um percurso pelo Pinhal Novo e Poceirão. Para breve!

A saída de Lisboa faz-se pelas 08:30h de barco e a ligação do Cais-do-Sodré ao Montijo proporciona uma bela perspectiva sobre a emblemática Praça do Comércio.

A Poderosa nos modernos cacilheiros, já com os novos pedais de encaixe oferecidos pela Movefree, principal parceiro deste projecto

O Montijo já está a apostar em corredores cicláveis e este é um exemplo de como com pouco dinheiro se pode fazer muito: um corredor em terra batida.

Numa espécie de circular à cidade, o Montijo tem um corredor partilhado para peões e ciclistas, que nos leva para fora dos limites urbanos, até bem perto do campo.

30 minutos a pedalar bastam para chegar à zona rural desta localidade com muita tradição agrícola e tauromática

Alguns caminhos têm troços em areia fina e solta o que obriga a apear da bicicleta

Uma cerca, a antecipar o que mais à frente viríamos a verificar: demasiadas propriedades privadas.

Um pequeno açude a deliciar a poderosa, que gosta destes ambientes relaxantes

E uma das coisas mais comuns para quem se aventura nestas lides: um furo. Na foto, o Tiago a remendar um furo feito por um pico de umas ervas daninhas comuns por aqui nesta altura do ano.

Missão cumprida e a bici do Tiago está pronta a rolar de novo

Mais caminhos de areia

Esta é a prova de que estamos no Montijo: um par de bois desconfiados observa-nos à distância, felizmente do outro lado da cerca.

Uma visão bonita: cavalos e éguas em pastagem

Uma visão ternurenta: uma progenitora alimenta a cria.

O Tiago, a minha companhia hoje, é um homem conhecedor do terreno. Nasceu no Montijo e é amante de BTT, DH e FreeRide. Prepara-se para ir ainda este ano à Serra da Estrela, como parte do seu treino para uma aventura maior: partir de Lisboa e percorrer os 8 Mil quilómetros que separam a capital portuguesa do Cabo Norte, na Noruega. De bicicleta, claro!

Como condutor automóvel odeio este sinal. Como ciclista amo-o pois é sinónimo de tráfego automóvel a reduzida velocidade. 

Pedalamos em paralelo com os limites do Campo de Tiro de Alcochete. Esta é uma cerca que não convém certamente transpor.

Onde há um rebanho ...

... há um pastor. O Sr. Salvador fez questão de nos cumprimentar e trocar uns dedos de conversa.

E heis o momento mais doce do dia: amoras silvestres. Uma delícia.

O Tiago a encher-se destas amoras que crescem sem qualquer intervenção humana. Mais biológico que isto não há.

Um estradão de serventia rural faz as delícias de qualquer viajante em bicicleta.

Avestruzes ....

Este estradão tem, nem mais nem menos, que 7 quilómetros de extensão em linha recta. Um mimo!

Ainda o estradão.

Já próximo do nosso destino, uma rua em terra batida bem arranjada com flores a ladear o caminho. Lembro que as C.M. de Viseu, Tondela e Santa Comba-Dão gastaram recentemente 5 milhões de euros para pavimentar e pintar uma ecopista. Esta aqui, a custo zero, faz o mesmo efeito. Para quê gastar-se tanto dinheiro a fazer obras novas quando as infraestruturas já existem? Em tempo de vacas gordas até se compreende, mas nos dias que correm ... :(

E chegámos ao nosso destino: a pequena localidade da Canha, a 40 quilómetros do Montijo e a outros tantos de Coruche

Uma fonte com água fresca, para atestar as nossas botijas de água

Localidade da Canha

E era isto mesmo que procurávamos: o café central cá do sítio. E que bem que se comeu pelo pouco que se pagou. Por duas sandes de (tenra) carne assada bem regadas de molho, uma "média" e um café pagou-se 4,30€. É a crise :)

No regresso

Passagem bem perto da Academia do Sporting

Quase de regresso ao Montijo, passagem pela Atalaia do Montijo com a sua igreja no topo de um dos pontos mais altos desta região na margem sul do Estuário do Rio Tejo.

Agracimentos à Movefree pelo excelente equipamento que ofereceu a este projecto e ao Tiago, pela excelente companhia que fez neste dia de pedaladas.

À minha mãe, por acender todos os dias uma vela de azeite a N. S. de Fátima

Em breve, será disponibilizado todo o roteiro e tracks de GPS da Ecovia 1, de Lisboa a Badajoz.

Boas pedaladas.
Paulo Guerra dos Santos

4 comentários:

  1. Paulo, na 4ª batalha o PINHAL trará concerteza um NOVO alento :)
    É preciso é ser paciente e não desistir!
    Muita sorte e sucesso para este projecto!

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  2. Pois, é só ñ desistir...esse projeto do Tiago é q me pareceu tb mt interessante (é a solo ou c/acompanhamento?) & tu ñ estás interessado em participar?
    Cpts & força no pedal :-)

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  3. Joana, obrigado pelo alento. Em príncipio, à 4ª será de vez ... espero :)

    Gambianchi, ainda estou a decidir se irei ou não com o tiago ... já que quero fazer "100 dias de bicicleta pela Europa". Vamos juntos até à Dinamarca, e depois separamo-nos. Ele segue para o Cabo Norte, e eu viro à direita para Helsínquia :)

    Paulo guerra dos Santos

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  4. Olá,
    Vinha pedir se consegue localizar no mapa a foto como a seguinte descrição:
    "Este estradão tem, nem mais nem menos, que 7 quilómetros de extensão em linha recta. Um mimo!"

    Obrigado

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